terça-feira, 1 de julho de 2014

As estâncias e os tropeiros

As estâncias e os tropeiros

Após a guerra Guaranítica, os jesuítas abandonaram o Rio Grande do Sul. O gado criado nas vacarias para abastecer as missões ficou livre e espalhou-se pelos campos, encontrando condições favoráveis de clima, relevo e principalmente de vegetação. Esse gado reproduziu-se livremente e tornou-se xucro (selvagem).
Aos poucos, paulistas e lagunenses, interessados na captura desse gado xucro, começaram a descer para as terras do nosso estado e abrir caminhos pelos campos para caçá-los e vendê-los em outras regiões do país.
Primeiramente, do gado que era abatido aproveitava-se apenas o couro e o sebo, porém com a exploração do ouro em Minas Gerais exigia um grande número de animais como mulas, cavalos (usados no transporte) e bois (usados como alimentos).
Por estar fornecendo alimento e transporte para a zona mineradora, a importância econômica do Rio Grande do Sul cresceu muito. Aos poucos, começaram a surgir em nossas terras chefes de bandos armados que capturavam o gado selvagem. Eram os tropeiros. Os tropeiros vinham de São Paulo e de Laguna para buscar uma boa quantidade de bois, cavalos e mulas e levá-los até a cidade de Sorocaba e depois vender para os mineiros.
A enorme quantidade de gado capturado provocou a devastação desses rebanhos. Como o gado precisava de pasto abundante, muitos tropeiros começaram a se organizar, fixando-se nas terras do Rio Grande do Sul e formando fazendas para a criação de animais, as estâncias. As estâncias eram locais onde o gado era reunido, alimentado e criado. Com isso, os muitos tropeiros tornaram-se fazendeiros (estancieiros). Os estancieiros formavam uma elite de proprietários que, com seus peões, agregados e africanos escravizados, caracterizavam o trabalho e o poder das estâncias.
Quem mais trabalhava nas estâncias eram os peões. Eles recebiam salários muito baixos e, por isso, não se fixavam muito tempo no mesmo emprego.
As estâncias ajudavam muito no crescimento, povoamento e na formação do Rio Grande do Sul.
Para baratear o transporte e assim aumentar seus ganhos, os fazendeiros do Rio Grande do Sul resolveram enviar, em vez de bois vivos, a carne já seca e salgada, o charque. Charqueada é o nome que se dá ao local onde o gado é abatido para fabricar o charque.
Como o charque servia de alimento aos escravos (mesmo os que viviam nas outras regiões do Brasil) acabou tornando-se uma riqueza importante do Rio Grande do Sul e dos próprios charqueadores. Outro benefício trazido pelo charque foi o desenvolvimento da navegação pelo Rio Jacuí, pela Laguna dos Patos e pelo Oceano Atlântico até o Rio de Janeiro. Era através desses caminhos que o charque chegava às regiões do Centro do Brasil.
A primeira charqueada do Rio Grande do Sul foi construída em 1780, por José Pinto, junto ao Arroio Pelotas e próxima a Rio Grande.

A principal mão de obra das charqueadas eram os escravos de origem africana. 

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